O termo ‘Deep Tech’ foi cunhado por Swati Chaturvedi, CEO da empresa de investimento Propel(x), fundada em 2013 com a missão de facilitar o acesso de venture capital para startups nas áreas de ciências biológicas, energia, tecnologia limpa, ciências da computação, e setores de materiais e produtos químicos. Propel(x) decidiu usar o termo ‘Deep Tech’ como forma de definir uma nova categoria de startup. Escrevendo em 2014, Chaturvedi explicou que:
“As empresas de deep tech baseiam-se em descobertas científicas tangíveis ou inovações de engenharia. Elas estão tentando resolver grandes problemas que realmente afetam o mundo ao seu redor. Por exemplo, um novo dispositivo médico ou técnica de combate ao câncer, análise de dados para ajudar os agricultores a cultivarem mais alimentos ou uma solução de energia limpa visando diminuir o impacto humano nas mudanças climáticas.”
Dessa perspectiva, portanto, startups de deep tech têm as características definidoras de i) a capacidade de inovar, de forma disruptiva, em vários mercados para criar um valor econômico considerável para os primeiros investidores, e ii) um efeito de longo prazo para a humanidade de maneira positiva e significativa.
Com rápidos avanços no desenvolvimento tecnológico, o termo ‘Deep Tech’ também foi usado para especificar algumas categorias de tecnologia. Um exemplo dessa definição focada em tecnologia vem de TechCrunch, que define Deep Tech como “um termo genérico para tecnologias não direcionadas para serviços para o usuário final e que incluem inteligência artificial, robótica, blockchain, ciência avançada de materiais, fotônica e eletrônica, biotecnologia e quantum computing”.
Embora essas concepções de Deep Tech sejam úteis nos contextos de inovação e investimento em tecnologia, sentimos que era necessário criar uma abordagem deep tech mais robusta e completa e que inclua os valores humanos, a expansão da consciência da liderança, o pensamento sistêmico e a voz das comunidades frequentemente ausentes das normas monoculturais do Vale do Silício e dos grandes centros financeiros e de tecnologia do mundo.
Em suma, o que precisava ser inserido nas definições existentes era a dimensão humana. Por esta razão, nós, Maria Moraes Robinson e Simon Robinson, juntamente com Igor Couto, nos reunimos para desenvolver uma nova visão que define Deep Tech como “o desenvolvimento de tecnologias avançadas construídas a partir de uma base de valores humanos universais por ecossistemas conscientes”. Como forma de materializar essa visão, explicamos Deep Tech por meio dos quatro pilares de deep impact, deep thinking, deep talent e deep collaboration; pelos três movimentos de design de elevação, escalabilidade e amplificação, e os Novos 4Ps de plataformas, propósito, pessoas e planeta.
Os Novos 4Ps são uma estrutura desenvolvida pela Holonomics em 2015 que formam a base para a tomada de decisão em uma organização, fornecendo a direção do desenvolvimento de modelos de negócios e propostas de valor mais prósperos. Com a maior clareza de nosso propósito, podemos avaliar melhor nossa abordagem de design de plataforma, por exemplo. Chegamos a um estágio de evolução de nossa tecnologia que agora nos dá a chance de corrigir as deficiências de nossos sistemas econômicos anteriores, que geraram pobreza, desigualdade e degradação de nossos ecossistemas naturais. Localizar essa visão de design de plataforma dentro da estrutura dos Novos 4Ps oferece aos líderes uma oportunidade de considerar novas formas de organização, financiamento, investimento e de geração de valor.
As plataformas conectam marcas e organizações a seus públicos, ampliando seus propósitos. Marcas e organizações querem que as pessoas ouçam sua mensagem e se conectem com seu propósito, mas isso só acontecerá se elas forem genuinamente autênticas. E para serem autênticas, as organizações precisam viver seus valores. Quando marcas e organizações dizem uma coisa, mas que não está alinhada com o que realmente intencionam e agem de forma desalinhada a seus valores e propósito declarado, os consumidores, funcionários e demais pessoas muito provavelmente irão amplificar suas vozes de desaprovação por meio das mesmas plataformas, muitas vezes acabando por provocar mudanças e melhorias em todo o sistema como resposta às más práticas de negócio identificadas.
Ao expandir nossa abordagem para Deep Tech, fomos capazes de desenvolver uma nova concepção de organizações na economia digital, a organização amplificada. Nosso novo livro, Deep Tech and the Amplified Organisation, apresenta aos líderes, designers, tecnólogos e agentes de mudança como transformar suas empresas, iniciativas e práticas por meio de um novo conjunto de metodologias conectadas sistemicamente, incluindo mapeamento da estratégia, Holonomic Circle, Deep Tech Discovery, elevação da proposta de valor e agilidade aumentada.
Nosso livro apresenta um blueprint sistêmico da organização amplificada que alinha e integra plataformas, sistemas digitais e análise de dados com a estratégia da organização, a proposta de valor e modelos operacionais digitais. O resultado é um framework transdisciplinar para Deep Tech que integra abordagens inovadoras para arquiteturas corporativas, metodologias de design e estratégia dirigida a um propósito que permite que as organizações se tornem future-fit:
- Amplificando os negócios por meio dos Novos 4Ps de plataformas, propósito, pessoas e planeta;
- Projetando modelos de negócio escalonáveis baseados em plataforma e propostas de valor elevadas;
- Criando arquiteturas de plataforma abertas, em rede e extensivas;
- Alcançando agilidade organizacional por meio da implementação de uma abordagem sistêmica da estratégia;
- Capturando o poder dos dados por meio de Deep sensemaking e inteligência em rede;
- Envolvendo as pessoas de forma significativa por meio de customer experience e employee experience; e
- Integrando valores humanos universais à cultura organizacional, às relações com o ecossistema e à consciência da liderança.
Organizações amplificadas são negócios regenerativos intencionais que têm propósito claro, são engajados e hiperconectados. Esses negócios assim definidos, alcançam um impacto significativo por meio de um processo contínuo de elevação, escalabilidade e amplificação, desenvolvendo tecnologia com alma, tendo como base os Novos 4Ps. Subjacentes a cada palavra e ação estão os valores humanos universais, vividos em cada pessoa, articulados nas tecnologias desenvolvidas e utilizadas, e expressos na qualidade das relações dentro da organização, no ecossistema, na economia, na sociedade e no meio ambiente.
Para saber mais sobre o livro Deep Tech and the Amplified Organisation, favor acessar: https://www.amazon.com/Deep-Tech-Amplified-Organisation